Um Cavalo Branco e Uma Perspectiva

Vi DelvaUX
4 min readMay 22, 2020

Você conhece o conto taoísta do camponês, seu filho e seu cavalo branco? Se conhece, pode pular a historinha e ir direto para a ‘moral’: não existe evento bom ou mau acontecendo em sua vida. Existe perspectiva, o seu ponto de vista, a sua interpretação do fato. Estamos aqui para nos transformar e assim, sermos felizes. (já já eu explico) Se você nunca ouviu ou leu o contou do camponês, aqui vai ele para ilustrar o meu ponto:

desenho Horse Perspective de Adriana Morales

Um conto taoista

“Havia na China antiga um velho camponês muito pobre, possuidor de um lindo cavalo branco.

Um dia, o imperador ofereceu-lhe fabulosa quantia em moedas de ouro pelo cavalo indomado. O velho camponês era pobre mas recusou a oferta. O cavalo branco era seu único recurso para puxar o arado em sua plantação.

Numa certa manhã, o pobre camponês descobriu que o cavalo não estava mais na cocheira. A aldeia inteira se reuniu e lhe disse: ´Velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor se o tivesse vendido. Que desgraça!

Imperturbável, o velho camponês, respondeu: — ´O cavalo não está mais na cocheira. Isso não é bom, nem é mau.´

Os aldeões riram do velho, achando que já estava caducando. Quinze dias depois, o cavalo volta à noite. Não havia sido roubado. Fugiu para a floresta e com ele, trouxe de volta meia dúzia de cavalos selvagens.

Novamente a aldeia se reuniu em torno do velho e disse: — ´Agora tem sete cavalos garbosos para vender ao imperador. Que sorte!´

O velho aldeão, retrucou: — ´O cavalo está de volta. E com ele, mais seis cavalos. Isso não é bom, nem é mau.´

Como podia o velho pobre ser tão cego a uma oportunidade dessas? Bem, pelo menos, o camponês pôs seu único filho para domar os cavalos selvagens. Uma semana depois, o rapaz caiu de um dos cavalos e fraturou ambas as pernas.

De novo as pessoas da ladeia vieram falar: — ´Que desgraça! Não tem quem ajudá-lo para domar os cavalos. Assim não pode vendê-los. E ainda perde seu único amparo para a velhice, já que sem pernas, seu filho não poderá trabalhar.´

- “Meu filho caiu do cavalo e quebrou as pernas. Isso não é bom, nem é mau.´

Aconteceu, porém que semanas depois o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Só o filho do velho, por estar aleijado, foi poupado da convocação. A aldeia inteira se lamentava; pensava ser uma luta perdida e acreditava que a maior parte de seus jovens jamais voltaria. Mais uma vez, acharam que o velho camponês teve sorte no acidente do filho pois o teria sempre consigo…

Adivinha o que o velho camponês disse!

´Moral da história´

Você pode imaginar mais desta história, até o velho morrer, com vários eventos e ele sempre encarando cada acontecimento como um observador, sem julgamento.

Quando rotulamos algo como ruim ou mau, já deixamos de ver aquele evento ou pessoa como uma oportunidade de crescimento pessoal.

E se você olhar tudo o que te acontece, bom ou mau, como uma oportunidade para revelar o que melhor há em você? Aí, você não é mais definido por eventos externos. O que mais fazemos, é nos deixar levar pelo que nos acontece, como um galho de árvore balançando numa tempestade. Se acontece algo bom, como uma promoção no trabalho, você se sente o máximo. Se briga com o namorado ou a filha, você se sente um lixo. Se encontra uma grande amiga depois de muito tempo, se sente especial novamente. E por aí vamos, balançando, sempre correndo atrás de ´bons momentos´ (até para apagar aqueles que nos fizeram sofrer) e evitando os ´maus´. E nesta eterna busca pela ´felicidade´ do lado de fora de nós, acabamos frustrados, pois as coisas e pessoas nos geram felicidade apenas por um momento. Mudar sua perspectiva e parar de julgar acontecimentos e pessoas, simplesmente observando-os como são, acontecimentos neutros, lança Luz sobre eles, transformando-as em oportunidades para fazer de você uma pessoa melhor. Isso é viver no presente, abrir-se para todas as possibilidades da vida, expandir sua consciência.

Faz um tempinho que entendi que é normal e saudável errar. Sinal de que estou vivendo! Preocupante seria nada fazer. Ficar paralisado pelo medo ou fechar-se em si mesmo por culpa ou vergonha é só um artifício do Ego para olhar só para si. Pensa: Se sua casa está suja, é mais incomodo recolher rapidinho a sujeira torcendo o nariz e escondendo-a debaixo do tapete para não vê-la ou encarar a sujeira de perto e ir lá, limpar cada cantinho da casa? Encarar de perto nossos erros e falhas de personalidade é difícil, mas você passa a saber exatamente o que são e quais as consequências desastrosas que trazem para sua vida. Só então, pode eliminá-los de vez e se transformar em uma pessoa melhor!. Olha que legal. Você já tem qualidades e aí, passa por um processo onde sai ganhando outras!!!

Estamos aqui para sermos felizes. Não para sofrer (´Dor acontece. Sofrimento é opção.´) Então, deixa seus medos, culpa, raiva e, principalmente, o julgamento para trás. Carrega só Band-Aid e Merthiolate talvez. Se quiser. Vamos aqui, viver a vida agora?

Com Amor,

V

--

--

Vi DelvaUX

Queria ‘bio’ escrita por Millôr Fernandes. Não dá. Segue com sua versão. Síntese do ‘sim’, entusiasmo é escolha. Só vale se aprender, criar, influenciar e rir.