Enquanto houver diversidade, vai haver diferença…não inclusão.

Vi DelvaUX
3 min readFeb 29, 2020
Na falta de uma imagem que representasse todos os tipos de diversidade (ou pelos menos, as mais discutidas), coloquei aqui algo que (acredito) todas temos. Fonte: Wikipedia

Enquanto eu perceber o L, o G, o B, o T, o Q, o plus (+), o plus size, o PCD (Pessoas Com Deficiência) e o preferencial (tipo em “assento preferencial”), estarei percebendo nestas pessoas o que me faz diferente delas. Elas não serão ainda da classe ´pessoas´ na minha mente.

Uma criança pequena, ainda livre de pré-conceitos absorvidos dos seus cuidadores e demais figuras de autoridade e influência, não vê diferença entre ela que é criança e branca e o amiguinho que é preto, a colega de natação que não tem um braço, a professora que é anã, sua avó que é idosa. Quando amada incondicionalmente, uma criancinha é só Amor. Ela pode até ver que o cabelo da amiga é diferente do dela, a altura da professora também, mas a criança amada se encanta com as diferenças e tem curiosidade sobre elas. Só.

A gente aprende a perceber diferenças para sobreviver. Essa fruta é para comer, aquela mata. Até aí, tudo bem. Mas desde quando uma pessoa preta é ameaça? Para perceber as diferenças (muitas, como ameaça) e não as pessoas, preciso ter conceitos e julgar. Nisso, segrego, mesmo que na minha mente: certo ou errado, bom ou ruim, belo ou feio. Julgando, percebo só uma parte da pessoa diante de mim. Ainda pode vir aquela voz sussurrando na minha cabeça “coitada(o),…não tem braço/é preto/é pobre”, etc. Meu ego já se coloca superior a pessoa à minha frente. Meu ego me separa dela. Ai de mim se acreditar que eu sou meu ego! Ai dela… O quanto da ´coitadice´ é Amor? O quanto é ego?

Sei que a intenção é nobre quando se cria um assento preferencial, um banheiro para PCD, uma sessão de roupas plus size na loja de esportes, mas enquanto o estabelecimento todo não for inclusivo para LGBTQ+, todos os tamanhos, cores,, etnias e idades de pessoa, elas ainda estarão sendo num grau, naquele cantinho reservado, excluídas. Enquanto a minha sala de aula ou local de trabalho não tiver diversidade de pessoas (e não só 10% de negros ou mulheres, ou um numero ainda menos de gays, lésbicas e pessoas com baixa visão, por exemplo), eu vou olhar para quem é diferente de mim, assim…um ponto espúrio na curva da normalidade, alguém…diferente. Vou estranhar seus costumes, sua altura, seu abraço mais largo (olha aí o julgamento! ´Mais largo´ comparado a quem?). Seguirão na minha cabeça as comparações. Eu não vou perceber a pessoa absoluta e divina diante de mim, não vou incluir, integrar na minha vida a beleza das formas que não são eu. Sim, eu, euzinha, com letra minúscula, sem perceber Eu, o fato de que todos somos uma vida só, separada em formas diversas. Mas enquanto houver diversidade, vai haver diferença…não inclusão.

P.S.: Por favor, não entenda que estou dizendo para pararmos de comunicar e combater os ´ismos´ e fobias que acontecem em nossa sociedade. Fazer isso, gera mais entendimento, empatia e uma vida mais justa para todas as pessoas. Só quero gerar uma reflexão para que a gente possa respeitar, aceitar e se encantar com as diferenças no mundo.

P.S.2: Se em algum momento na sua leitora, você percebeu algum equívoco vindo do meu privilégio branco, vamos conversar. Obrigada!

P.S.3: Este artigo não foi criado ainda em formato acessível a pessoas de baixa visão e analfabetos. Se conhecer alguma ferramenta que torne isso possível, me conta aqui!

P.S.: clica no video para um lindo lembrete de que lá no fundo, somos todos iguais https://youtu.be/PnDgZuGIhHs

Com Amor,

Vivi DelvaUX

❤️

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Vi DelvaUX

Queria ‘bio’ escrita por Millôr Fernandes. Não dá. Segue com sua versão. Síntese do ‘sim’, entusiasmo é escolha. Só vale se aprender, criar, influenciar e rir.